Espiritismo: Por Que Muitos Não Se Sentem Atraídos Pelos Ensinamentos?

Espiritismo: Por Que Muitos Não Se Sentem Atraídos Pelos Ensinamentos

Espiritismo: Por Que Muitos Não Se Sentem Atraídos Pelos Ensinamentos?

Você já se perguntou por que algumas pessoas que têm contato com o espiritismo não se sentem impulsionadas a seguir seus ensinamentos? A resposta pode estar na maneira como encaramos essa doutrina.

Muitos chegam ao espiritismo em busca de uma solução rápida para seus problemas, mas acabam se decepcionando ao descobrir que essa não é a proposta central da filosofia espírita.

O espiritismo nos ensina que a plenitude e a felicidade verdadeira não são alcançadas de forma imediata, mas sim como resultado de um processo de aprendizagem ao longo de várias existências.

A ideia de que tudo se resolve de forma rápida e instantânea vai de encontro aos princípios do espiritismo, que preconiza que há mérito para todas as conquistas feitas ao longo dos tempos em demorados ciclos evolutivos de desenvolvimento intelectual e moral transpassados em múltiplas vidas.

Além disso, é importante compreender que o espiritismo não se resume apenas à crença na imortalidade da alma e na ideia de reencarnação. Embora esses aspectos sejam fundamentais, a doutrina espírita abrange uma gama muito mais ampla de conhecimentos.

Envolve a ciência dos fenômenos psíquicos, como a mediunidade, mas vai além, explorando questões filosóficas, científicas e religiosas.

O espiritismo é um verdadeiro conjunto de saberes que demanda estudo, reflexão e vivência para ser compreendido em sua totalidade.

Allan Kardec magistralmente produziu ao longo de aproximadamente 12 anos inúmeras obras cuja compreensão não se alcançará por uma simples leitura.

Espiritismo: Elevando a Percepção sobre sí e sobre a Vida

É preciso estudo sistemático e coletivo para que as inteligências se associem de forma colaborativa para a boa compreensão:

  • Quantos se autodeclaram espiritistas sem sequer terem lido uma única obra de Kardec?
  • Destes quantos já leram todas as obras de Kardec pelo menos uma vez?
  • Mas quantos realmente estudam sistematicamente as obras de Kardec?

Em se tratando das obras fundamentais da doutrina espírita: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Gênese, O Céu e O Inferno -, estas 5 obras foram trazidas ao Codificador (Allan Kardec) por inteligências superiores diretamente ligadas ao Cristo Planetário, portanto, é muita pretensão dizer-se espírita simplesmente por se ter lido qualquer uma delas, uma ou outra vez.

A lei da impermanência impõe-nos que nada permanece por muito tempo da mesma forma, inclusive nossa visão de mundo se modificar a cada nova experiência.

Os ensinamentos do Cristo, através do Espiritismo, contém um sem número de nuances que, a cada nova experiência individual humana, renova-se também, pari passu, nossa concepção sobre a vida.

Com os estudos espíritas tomados séria e sistematicamente, amanhã a vida como a entendemos se resignificará a iluminar mais ainda a nossa mente.

Por isso costumamos dizer que o espiritismo ainda será luz para a humanidade nesta e noutras eras e por milhares de anos:

  • somente quando a consciência coletiva da humanidade terrena tiver se apropriado adequadamente dos princípios norteadores da vida integral;
  • somente quando houver os ensinamentos espiritas provocado, suficientemente, forte impressão aos sentidos humanos extrapolando-lhe a consciência para além dos limites da matéria;
  • somente neste momento é que o homem incorporará à sua psicodinâmica os princípios divinos que regem o equilíbrio e a harmonia do todo o universal.

É somente assim que o espiritismo é capaz de ajudar aquele que sabe se ajudar. Nem o espiritismo tampouco as outras religiões serão capazes de modificar a condição humana para melhor, se o protagonista da vida não desejar ser feliz pelo próprio mérito.

Não é a religião que faz melhor o homem. É o homem que precisa compreender a função das religiões para se tornar melhor, até que a unicidade de propósitos do coletivo humano se converta em religião única: A LEI DO AMOR.

Mas por enquanto estamos só a nos rotular espiritistas. Conquanto lembremos de que ser espírita não se trata apenas de aceitar dogmas ou crenças, mas sim de buscar o entendimento profundo das leis naturais que regem o universo e nossa própria existência.

Portanto, para aqueles que buscam uma compreensão mais profunda da vida e de seu propósito, o espiritismo oferece um caminho de crescimento e evolução.

No entanto, é necessário abandonar a expectativa de soluções rápidas e entender que o verdadeiro progresso espiritual é construído gradualmente, ao longo de várias experiências e aprendizados.

O espiritismo é muito mais do que uma simples resposta para problemas imediatos ou associação de pessoas motivadas em difundi-lo pelo mundo, antes de fazer cresce-lo em si mesmo.

É uma filosofia de vida que nos convida a refletir sobre nossas ações, a buscar o autoconhecimento e a evoluir constantemente em direção à plenitude e, por consequência, à felicidade verdadeira, cujas diretrizes são a lei de justiça, amor e caridade, não apenas na forma discursiva, mas sentida e experimentada pelas próprias ações.

Espiritismo: Críticas e a Complexidade da Filosofia

Desde seu surgimento como a chamada 3ª Revelação, a Doutrina Espírita, tem despertado interesse, mas também enfrentado críticas e incompreensões.

Entre aqueles que se deparam com essa doutrina, há os que a abraçam com fervor, os que a rejeitam veementemente e os que simplesmente a ignoram. Mas o que motiva essas diferentes reações?

Além das inúmeras pessoas que encontram no espiritismo uma fonte de consolo, orientação e esclarecimento, existem desde o seu princípio os detratores da Doutrina Espírita.

Esses críticos são aqueles que, presos aos estímulos da matéria, não conseguem enxergar além do que é tangível.

Os sentidos materiais, quando utilizados como única ferramenta para compreender a vida, limitam-se a perceber apenas a superfície dos fenômenos, deixando de lado aspectos mais sutis e profundos da existência, como a vida mental ou psíquica e a dimensão quintessenciada que dizem respeito a natureza espiritual que nos é própria.

Curiosamente, dentro da própria comunidade espírita, também encontramos uma diversidade de visões e posturas em relação à doutrina – isto é plenamente normal – e concebível no plano da consciência individualizada.

Allan Kardec, o codificador do espiritismo, já identificava essa variedade de posicionamentos entre os adeptos:

  • há aqueles que se dedicam ao estudo da fenomenologia espírita com grande interesse, mas não conseguem perceber suas implicações morais;
  • outros reconhecem tais implicações, porém as consideram de pouca importância e não se esforçam para aplicá-las em suas próprias vidas;
  • há ainda uma parcela de espíritas que compreendem as implicações morais e suas consequências e se empenham em vivenciar os ensinamentos profundos do Cristo em seu cotidiano. Estes, segundo Kardec, são considerados sinceros ou verdadeiros espíritas, por que são os verdadeiros cristãos.

Portanto, diante dessa diversidade de perspectivas, é fundamental compreender que a Doutrina Espírita não se resume a um conjunto de crenças ou práticas.

O espiritismo é um sistema filosófico complexo, que aborda questões que vão muito além do plano material e que, portanto, exige não só busca exterior como também muita introspecção para reconhecer na própria alma as diretrizes divinas nela insculpidas desde a sua origem.

Para aqueles que se dispõem a explorar seus ensinamentos com mente aberta e coração sincero, o espiritismo oferece não apenas respostas para os questionamentos existenciais, mas também um caminho de autoconhecimento e crescimento espiritual.

Lembremos, assim, o quanto de responsabilidade compete à Comunidade Espírita que muita vez crê que movimentar-se para a sua divulgação é sua missão enquanto indivíduo; contudo, o evangelho não propõe antes de tudo a sinceridade de propósitos ante a obrigação com a própria transformação moral?

Comecemos, nos templos espiritistas, este exercício de autorrenovação. É importante manter uma postura de respeito, diálogo e busca constante pela compreensão mais profunda dos ensinamentos espíritas, compreendendo uns aos outros, afinal:

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” – João 13:35

Somente assim poderemos verdadeiramente honrar a mensagem de amor, fraternidade e evolução espiritual que essa doutrina nos oferece.

Imprima na alma o significativo ensinamento:

Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações. Enquanto um se compraz em seu horizonte limitado, o outro, que compreende alguma coisa de melhor, se esforça por desprender-se dele, e sempre o consegue quando tem firme a vontade.

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Sidney Cabral

Educador e Pesquisador Espírita

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